Feminismos sul-sur é urgência. Urgência vital de nos lermos, tocarmos, afetarmos, escutarmos: autorizar–nos. Urgência e desejo vital de fazer circular entre nós ideias, notas, pensamentos, propostas, ações, arquivos e imagens que façam vibrar as lutas anti-neoliberais, anti-autoritárias, anti-conservadoras e anti-coloniais, através de pensamentos e práticas situadas em lutas ativistas, comunitárias e institucionais em curso.

Tomamos impulso nas lufadas de ar oriundas dos últimos anos nos territórios do sul (em especial Chile e Argentina), e na tradução como exercício situado – em terras brasileiras – e prática ativa de avizinhar, abrindo as portas à contaminação e à coafetação da revolta em nossos estômagos e gargantas, através de uma polifonia de discursos, práticas situadas e intuições futuras, passadas e presentes, como a Greve Geral Feminista 8M, a Maré Verde e o Nem Uma a Menos, entre outros devires feministas.

Desejamos a livre circulação e associação de escrituras, pesquisas e experiências de cuidado, sexuais, de amizade e de briga. Apostamos em textos como experiências intensivas na pele e em novas gramáticas de línguas sem dominação. Convidamos ao exercício político de sairmos de nós mesmas para contribuirmos na ativação e construção de vias e territórios nas relações sul-sul (para evocar a proposta de Silvia Rivera Cusicanqui).

Feminismos Sul-Sur é, em suma, uma proposta coletiva e aberta ao pensamento, à poesia e às corpas rebeldes que constroem juntas o devir feminizado das revoluções no presente.

Paula Cobo–Guevara e Tania Rivera.